Você que é mais jovem ou de meia idade, já se imaginou com mais de 90 anos e ainda firme à frente da propriedade? O “Seu” Vitor Jorge de Moura, do bairro Armazém, é um exemplo de persistência e, acima de tudo, de amor à plantação. “Eu nasci no meio das plantas. E gosto muito”, declara o produtor. Essa é a história de vida dele.

Seu Vítor é do tempo em que tudo era na base da enxada. “Não tinha maquinário nenhum, não tinha adubo. Era um tempo muito difícil”, lembra bem. Ele nasceu em 23 de abril de 1930, no bairro Armazém, município de Fama. É o segundo dos nove filhos de Dona Rosa Fressato e Seu Tomaz Batista de Moura, mais conhecido como Tomaz Rosa. Seu Tomaz sempre foi sitiante, mexia com algumas lavouras, entre elas o café e tinha uma criação de vacas para fornecer o leite pra família. Detalhe: o transporte era tudo no carro de boi.

Naquela época quase que não havia escola em lugar nenhum. Uma das poucas que existia ficava no bairro Ribeirão, onde Seu Vitor estudou até o terceiro ano. “Era custoso ir na escola”, lembra. Mais tarde, na fazenda que depois seria vendida para o tio dele, o Seu Alfredo Fressato, ali mesmo no Armazém, a esposa do antigo dono abriu uma escolinha, onde o Seu Vítor e mais três rapazes frequentaram um período. Quando o casal foi embora, depois de vender a fazenda para Seu Alfredo, a escola fechou.

Ainda na época da escola, Seu Vítor batia ponto em uma venda ali do Armazém.  “A gente sempre passava lá antes da escola. E no sábado e domingo, até umas 9 ou 10 horas da noite, tinha baile e a gente dançava na porta da venda. “O vendedor era o tio José Ramos, que era sanfoneiro. Ele divertiu muita gente aqui no Armazém”, relembra. Foi nessa época que Seu Vitor conheceu a dona Maria Aparecida, que era do Macuco, mas os pais tinham terras por ali. O namoro durou pouco tempo e aos 22 anos Seu Vitor já estava casado com ela.

Recém-casados, eles foram morar no sítio São Tomaz, que o pai do Seu Vitor tinha comprado, ali perto. E na pequena casa do sítio nasceram os 12 filhos do casal. Em 1980, Seu Vítor construiu uma casa maior, ao lado, onde mora até hoje com a esposa e cinco filhos, que são solteiros e ajudam a cuidar da casa, das plantações e dos pais. Um filho infelizmente é falecido e os outros moram em sítios por perto. Uma filha mora na cidade e outro filho, em Alfenas. Seu Vítor tem 9 netos e 2 bisnetos.

Querendo sempre os filhos por perto, o produtor é admirado por todos eles. “Meu pai sempre trabalhou muito e só no serviço pesado. Todos nós aprendemos muito com ele”, disse Adair. Veronice também é grata ao pai. “Ele deu tudo para nós, ensinou a gente a trabalhar e nós estamos seguindo o exemplo dele”.

Seu Vítor é um dos mais antigos cooperados da COOMAP. Ele entrou como sócio em 1963, quando a Cooperativa ainda era no primeiro piso da casa do Sr. Adolfo Mendes, na rua Aureliano Prado, antes mesmo da inauguração da  primeira sede própria, na mesma rua. Nessa época, o produtor já plantava café, alho e mandioca. “Não dava dinheiro, mas era o que tinha. E era um vício, gostava muito”. Hoje, além do café, que gera a renda da família, ele gosta da criação de porcos para o gasto da casa e de manter algumas vacas pro leite da família.

Nem o tratamento da pressão arterial que ele faz desde 1994 e a internação durante um mês em 2015, por problemas no coração, tiraram dele o ânimo de trabalhar. Seu Vítor ainda planta uma rocinha de milho, para tratar da criação e um dos filhos faz o serviço de trator. “Eu mesmo que planto, porque os filhos têm o serviço deles” conta o produtor.

Todo dia ele dá uma volta de manhã no sítio, vai ao curral e ainda passa para ver os porcos, depois fica um tempo na varanda ou vai pra dentro de casa quando está quente. “Agora estou bem, só não ando muito, mas vivo bem”. E ensina: “A vida é muito boa. Precisa saber é lidar com ela. E quanto mais a gente vive, melhor fica”. A COOMAP parabeniza o Seu Vítor e agradece por ele permitir compartilhar essa bela história de vida!

*Reportagem publicada no Informativo COOMAP Notícias nº 39 – jul/ago/2021. Clique aqui para ler a edição completa.

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